sábado, 17 de novembro de 2012


~' Um dia, perguntei para o psiquiatra: sou bipolar? 
Ele me disse: de bipolar você não tem nada.
Você é sincera e tem sentimentos intensos. 
E me explicou a origem da palavra sincera, que vem do latim e significa "sem cera". Antigamente, carpin
teiros e escultores usavam cera para disfarçar os defeitinhos de esculturas e móveis de madeira. 

Então, eles lixavam, passavam verniz e tudo ficava aparentemente perfeito e em ordem. O aspecto das peças era magnífico. 

Com o passar do tempo, do frio, calor e uso, a cera ia se desmanchando e os defeitos iam ganhando vida. 

Sinceridade é "sem cera", ou seja, sem máscaras, sem retoques, sem querer ser o que não é.

 Achei bonita a explicação dele.
 E triste.
Dói ser "sem cera".


A vida maltrata quem sente demais.
 Quem sente demais acaba sofrendo mais que a maioria das pessoas.
Tudo importa, tudo é exagerado, tudo é sentido de corpo e alma.
 Alma, principalmente. 
Pessoas "sem cera" têm a alma do tamanho de um bonde.
 Não acho que eu seja a pessoa mais sincera do planeta.
Eu minto de vez em quando. 
Tenho inveja.
 Tenho defeitões. 
Mas eu sempre agi de acordo com meu coração, meu instinto, meu amor pelas coisas. 
A gente precisa ter amor pelas coisas.
 E raiva também, pois nem só de amor e sinceridade se vive.

A raiva serve para a gente colocar pra fora o que está desajeitado no peito. 
Porque de vez em quando tudo vira zona, bagunça. 
Precisamos arrumar, colocar ordem no nosso galinheiro.
Não é fácil nem rápido, mas é necessário.'